domingo, 23 de dezembro de 2012

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Da Solidão Estarei só. Não por separada, não por evadida. Pela natureza de ser só. No entanto, a multidão tem sua musica, seu ritmo, seu calor, e deve ser uma felicidade, às vezes, ser na multidão o que o peixe é no oceano. Ah! mas quem sabe das solidões que haverá nessas águas enormes! Estarei só. Recordarei essas cidades, esses tempos. Recordarei esses rostos. Pode ser que recorde alguma palavra. Nada perturbou o meu estar só. Por vezes, com o rosto nas mãos, pode ser que sentisse como os desertos amontoavam suas areias entre meu pensamento e o horizonte. Mas o deserto tem sua musica, seu ritmo, seu calor. Era uma solidão que outrora se levava nos dedos, como a chave do silencio. Uma solidão de infância sobre a qual se podia brincar, como sobre um tapete. Uma solidão que se podia ouvir, como quem olha para as arvores, onde há vento. Uma solidão que se podia ver, provar, sentir, pensar, sofrer, amar, uma solidão como um corpo, fechado sobre a noção que temos de nós: como a noção que temos de nós. E andava, e sorria, cumprimentava e fazia discursos, dava autógrafos, abria a janela, conhecia gavetas, chaves, endereços, comprava, lia, recordava, sonhava, às vezes pensava – Solidão – e logo seguia, tinha até dinheiro comigo, tinha palavras, também, que escolhia, dava, usava, recusava... Solidão – dizia: fechava a tarde de mil portas, andava por essas fortalezas da noite, essas escadas, essas plataformas, essas pedras... e deitava-me sobre o mar, sobre as florestas, deitava-me assim – aldeias? cidades? O sono é um límpido deserto – deitava-me nos ares, onde quer que estivesse deitada. Deitava-me nessas asas. Ia para outras solidões. Se me chamares, responderei, mas serei solidão. Serei solidão, se me esqueceres ou lembrares. Qualquer coisa que sintas por mim, eu te retribuirei: como o eco. Mas és tu que vens e voltas: a tua solidão e a minha solidão. Cecília Meireles
EU, por Clarice Lispector. "Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo,já perdi um AMOR por escondê-lo. Já segurei nas mãos de alguém por medo,já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos. Já expulsei pessoas que amava de minha vida,Já me arrependi por isso. Já passei noites chorando até pegar no sono, á fui dormir tão feliz,ao ponto de nem conseguir fechar os olhos. Já acreditei em amores perfeitos,já descobri que eles não existem. Já amei pessoas que me decepcionaram,já decepcionei pessoas que me amaram. Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, Já tive tanta certeza de mim,ao ponto de querer sumir. Já menti e me arrependi depois,já falei a verdade e também me arrependi. Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto. Já sorri chorando lágrimas de tristeza,já chorei de tanto rir. Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, Já deixei de acreditar nas que realmente valiam. Já tive crises de riso quando não podia. Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva. Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse. Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar. Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros. Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros. Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz. Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava. Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho,fico ali". Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais. Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria. Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava. Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda. Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim. Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração! Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente! Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE! Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas,das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas,dos pensamentos mais complexos,dos sentimentos mais fortes. Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos. Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer: - E daí? EU ADORO VOAR!" Clarice Lispector

sábado, 24 de março de 2012

TRISTE


Eu hoje acordei triste, - há certos dias
em que sinto esta mesma sensação...
E não sei explicar, qual a razão
porque as mãos com que escrevo estão tão frias...


E pergunto a mim mesmo: - tu não rias
ainda ontem tão feliz... diz-me então
por que sentes pulsar teu coração
destoando das humanas alegrias?...


E, nem eu sei dizer por que estou triste...
Quem me olha não calcula com certeza,
o imenso caos que no meu peito existe...


A tristeza que eu sinto ninguém vê...
- E a maior das tristezas é a tristeza
que a gente sente sem saber por quê!...

AUTOR:J.G de Araújo Jorge

Meu Coração

Eu tenho um coração um século atrasado
ainda vive a sonhar... ainda sonha, a sofrer...
acredita que o mundo é um castelo encantado
e, criança, vive a rir, batendo de prazer...

Eu tenho um coração - um mísero coitado
que um dia há de por fim, o mundo compreender...
- é um poeta, um sonhador, um pobre esperançado
que habita no meu peito e enche de sons meu ser...

Quando tudo é matéria e é sombra - ele é uma luz
ainda crê na ilusão, no amor, na fantasia
sabe todos de cor os versos que compus...

Deus pôs-me um coração com certeza enganado:
- e é por isso talvez, que ainda faço poesia
lembrando um sonhador do século passado

AUTOR:J. G. de Araujo Jorge

PRÁ DIZER ADEUS


Adeus..
Vou pra não voltar
E onde quer que eu vá
Sei que vou sozinho
Tão sozinho amor
Nem é bom pensar
Que eu não volto mais
Desse meu caminho
Ah, pena eu não saber
Como te contar
Que o amor foi tanto
E no entanto eu queria dizer
Vem
Eu só sei dizer
Vem
Nem que seja só
Pra dizer adeus


AUTOR:EDU LÔBO