sábado, 7 de janeiro de 2012
CAI A VOZ DO ARCANJO
Cai a voz do Arcanjo.
(Do alto das torres coloridas,
por entre flechas e vitrais;
do alto de minaretes; do alto
de agulhas góticas; de cima
de curvos zimbórios; do fino
crescente dourado; dos amplos
campanários barrocos; destes
frios triângulos jesuíticos;
dos braços das cruzes; das nuvens,
das árvores, do jorro d'água,
da asa dos pombos, da pequena
corola de anêmona frágil...)
Cai a voz do Arcanjo invisível.
Saudosa.
Solitária.
(Diz-me se algum dia a escutaste,
assim, longínqua, secular, plangente.)
Cecília Meireles
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